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Nota

Introdutória

O movimento artístico designado por Renascimento floresceu nos finais do século XIV na península itálica, tendo Florença como berço. Este surge como uma reacção contra os princípios estéticos do estilo gótico. 
 

Nesta época, Florença era uma das mais prósperas cidades. Os negociantes e banqueiros, sendo apreciadores de arte, criaram um ambiente favorável ao desenvolvimento da mesma. De entre as famílias mais abastadas destaca-se a família Médici e os Strozzi, que acabaram por patrocinar as artes. Assim, Florença tornou-se na capital artística, na qual trabalhavam inúmeros arquitectos, pintores e escultores. Outras cidades como Roma, Veneza, Siena, Milão e Nápoles também desenvolviam uma actividade artística significativa, mas ainda se encontravam um pouco presas a estéticas consideradas ultrapassadas pelos florentinos.

 

O termo Renascimento foi utilizado pelos próprios artistas para se contraporem aos trabalhos realizados na Idade Média, que designavam como "Idade das Trevas". Sugere também um retorno à cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao contrário dos homens medievais. 
Apesar de abundarem na península itálica os vestígios da arte clássica, que inspiravam muitos artistas, as obras renascentistas estão impregnadas com os valores da época.

 

Na visão renascentista, o homem era o centro do universo – antropocentrismo - fortalecendo a razão sobre a fé. As ideias materializadas plasticamente eram uma forma de afirmar a presença do homem na natureza, dominando-a. O homem era visto como um ser glorioso, livre, dignificando a imagem da divindade.

Deste modo o artista tinha a possibilidade de revelar a sua criatividade e liberdade. Os idealismos presentes eram, de certa forma, uma herança do clássico, como resposta a uma necessidade de escolher a melhor forma de representação.

 

A arte era vista como uma forma de conhecimento, envolvendo um grande conjunto de técnicas e habilidade específicas. Assim, o artista era visto como um porta-voz da sua cultura, expressando os seus ideais, definindo identidades e instruindo o seu público.

No Renascimento imperaram  valores humanistas elevados, como o heroísmo. Há um regresso da noção de herói, sendo o homem representado como tal.

 

Este conceito humanista também redefinia os princípios fundamentais da fé e recuperava o valor da pura beleza das formas, pedido desde a antiguidade.

Houve uma busca pelas dimensões ideais da figura humana e uma evolução franca dos conhecimentos sobre anatomia humana. Tal facto levou a um renascer da representação do homem nu, num processo de valorização do natural. Após a época clássica o corpo humano passou a ser visto como fonte de pecado, até então.

A própria figura do Cristo humanizou-se e a adoração dessa humanidade passou a ser vista como o primeiro passo para se conhecer o verdadeiro amor divino. A ambição dos intelectuais humanistas era a de dominarem os mais amplos níveis de conhecimento humano.


Há um trabalho da fisionomia mais realista, especialmente quando a obra se tratava de um retrato, havendo uma preocupação em definir as emoções e os estados mentais, ao contrário do que se passava no classicismo, em que a preocupação fundamental se prendia com a beleza estética.


Assim, assimilando a influência da arte da Antiguidade clássica, do humanismo e do racionalismo, desenvolveu-se um estilo que fundiu elementos naturalistas e idealistas em proporções variáveis. 
 

As inovações mais importantes passam pelo desenvolvimento da perspectiva com ponto de fuga, desenvolvida por Filippo Brunelleschi. Assim Brunelleschi determina as proporções entre as figuras, numa progressão decrescente para as que se encontram mais afastadas do primeiro plano. Conseguia-se deste modo uma excelente ilusão que imitava a percepção visual do observador. 

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Alguns autores consideram o início “oficial” do Renascimento em 1401, aquando da realização do concurso público para a criação das portas do Batistério de São João.

 

Cronologicamente, o Renascimento é enquadrado em dois grandes e importantes períodos: Quattrocento (1400-1499) e Cinquecento (1500-1599).

Há no entanto um período onde as artes atinguem o seu auge designado de Alto Renascimento, que ocorreu entre 1480 e 1520.

 

A escultura foi a arte que primeiro revelou a adopção de uma nova estética, sendo uma das artes mais representativas do período renascentista.

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