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Escultura 

Renascentista

No renascimento a escultura é a mais prestigiada das artes.

 

Um dos aspectos que marca esta fase é a independência da escultura da arquitectura. Até aqui, relegadas para segundo plano como objectos de ornamentação, as esculturas são desvinculadas das paredes e colocadas em nichos, apoiando-se numa base que permite a sua observação de todos os ângulos possíveis. As esculturas ganham assim importância e tamanho, passando a ser vista como monumento individual. Exemplo disso são as primeiras estátuas equestres para disposição urbanísticas, que invadem as praças e os monumentos funerários nas igrejas.

 

Seguindo as linhas do pensamento humanista e a recuperação dos valores greco-romanos, a escultura renascentista deu ênfase ao homem e suas actividades. Os escultores ficaram conhecidos por seus relevos e pelas ornamentações de púlpitos (a parte elevada da igreja em que o padre prega aos fiéis).

 

Na escultura renascentista, desempenha um papel decisivo o estudo das proporções antigas e a inclusão da perspectiva geométrica.

 

Giorgio Vasari, contemporâneo de Michelangelo, afirma que a utilização da perspectiva linear permite a realização de obras muito próximas da imitação da natureza, faltando pouco para se atingir a perfeição.

Houve um grande interesse pela forma do corpo humano, pelas suas capacidades e potencialidades expressivas. As estátuas que representavam homens tinham como base o naturalismo, tentando assim aproximar-se ao máximo das suas formas naturais.

 

O estudo da anatomia e das posturais corporais permitiu realizar esculturas que se sustentam sobre as próprias pernas graças à posição do compasso (com as pernas abertas) ou do contraposto (uma perna à frente e a outra ligeiramente atrás). Obtém-se, deste modo, um equilíbrio perfeito.

 

As vestes reduzem-se à expressão mínima, sendo que as suas pregas são utilizadas apenas para acentuar o dinamismo, revelando uma figura com músculos levemente torneados e de proporções perfeitas. Há um regresso da figura do homem como um efébo e um interesse em esculpir o corpo nu.

 

A escultura em baixo-relevo também ganha uma nova dimensão pela aplicação dos conhecimentos da perspectiva.


O trabalho de uma escultura iniciava-se pelo desenho. Após os esboços preparatórios que definiam a composição no geral, o escultor desenhava as formas gerais sobre o bloco de mármore em bruto. 
 

De seguida iniciava o trabalho talhando a pedra. Utilizava primeiro um cinzel de ponta, posteriormente um dentado e, no final, um cinzel com dentes menores de modo a conseguir definir os pormenores da obra. Seguia-se o polimento com pedra-pomes e lixas. 
 

De salientar que, muitas vezes, o escultor, antes de iniciar o trabalho no mármore, fazia um modelo em argila, gesso ou cera, de modo a conseguir ter uma visão mais precisa da obra que pretendia realizar. Deste modo era possível corrigir possíveis erros na composição ou alterar a sua ideia inicial, dado serem materiais que admitem correcções, ao contrário do mármore. 
 

No que diz respeito à escultura de madeira, esta não requer tantos cuidados face à sua maleabilidade e facilidade de adição, alteração, ou eliminação de partes. 
 

Outra técnica utilizada era a terracota, na qual peças em argila eram levadas ao forno, o que aumentava a sua durabilidade. Luca della Robbia e Andrea della Robbia desenvolveram a técnica de vitrificação da terracota, permitindo a criação de obras de grandes dimensões, próprias para a instalação ao ar livre. 
 

O trabalho sobre o bronze era realizado, até à segunda metade do século XV, apenas em peças de pequenas dimensões, não só pelos custos elevados do material, mas também por ainda utilizarem a técnica de fundição directa. Esta técnica necessitava de um modelo em cera como se fosse a obra definitiva, que era coberto por uma capa de argila refractária, deixando alguns orifícios abertos. Após secar era levado ao forno, onde, simultaneamente, era cozida a argila e derretida a cera (que escoava pelos orifícios).

 

Depois de arrefecer o bronze era introduzido pelos orifícios, ocupando o espaço oco deixado pela cera. No final, o molde em argila era partido, restando assim a obra final. Esta técnica permitia uma obra muito detalhada, mas ao mesmo tempo única, pois o molde inicial era destruído, não havendo assim possibilidade de realizar mais cópias. 
 

 

Na segunda metade do século XV, a redescoberta da técnica indirecta possibilitou a realização de obras com menos custos e de maiores dimensões. O escultor realizava um modelo em argila ou cera que era coberto por uma camada de gesso. Após secar, o gesso era removido em partes separadas, sendo reconstruído posteriormente e preenchido com cera liquida.

 

Antes da cera secar, era retirado o excesso, deixando assim um intermolde oco, que era posteriormente preenchido com gesso líquido. De seguida o bloco era perfurado com uns finos pinos metálicos, que permitiam a saída da cera derretida após o aquecimento da peça. Ficava assim uma camada oca que era posteriormente preenchida com bronze derretido.

 

No final, o molde exterior e o gesso interno eram removidos, deixando assim uma oca estatura de bronze que era posteriormente polida. Deste modo, a obra original era preservada, sendo possível realizar várias cópias do mesmo modelo. 
 


No que diz respeito ao relevo são introduzidas novas técnicas, em que as figuras principais são esculpidas em relevo, relegando para segundo plano as personagens secundárias. A diferença entre os dois planos é de apenas alguns milímetros dando ideias que os planos foram prensados. 
 


A prática corrente era colectiva. Deste modo, o líder da oficina realizava a obra com o auxílio dos seus colaboradores, exceptuando o caso de obras muito pequenas que poderia fazer sozinho. Assim, a maioria da autoria das obras é atribuída ao seu mentor, mesmo que não tenha sido ele a realiza-la na sua totalidade. Estas oficinas funcionavam como escolas, onde os aprendizes permaneciam por um período variável sob a tutela de um mestre.

Técnicas de escultura utilizadas 

© Marta Taborda, História de Arte II, ESTC, Junho de 2014

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